sábado, 26 de março de 2011

E eu me pergunto: onde foram parar os príncipes encantados? Onde foi parar a poesia? O romantismo? As flores? As serenatas de amor?

De quem é a culpa? Dos homens?

Não concordo.

Na minha opinião, a culpa, em grande parte, é das mulheres. Essas, que não sabem se valorizar, não mais. Essas, que dão em cima descaradamente de um homem comprometido. Essas, que não fazem a menor questão de mostrar suas qualidades internas, gostam de mostrar o tempo todo o quanto tem a oferecer, mas por fora.

Mulheres que viraram objeto. Sim, a palavra é essa mesma, objeto! E digo mais: descartável. Ou, talvez, reutilizável.

Não fazem mais questão de serem amadas. Estão satisfeitas apenas com serem desejadas.

O respeito não é mais importante, elas não fazem questão. Romantismo? Para quê? O negócio é ser desejada por todos. Desejada, bem diferente de amada, repito.

Hipocrisia dizer que os homens não prestam, quando na verdade, quem deixou tudo isso acontecer foram as próprias mulheres. Permitiram que o romantismo acabasse, que o respeito acabasse. Jogaram e pisotearam a própria auto-estima, ficaram satisfeitas com pouco.

Não idealizam mais o “cara perfeito”, e quando idealizam, ele tem mais músculos do que cérebro. Ele, na maioria das vezes, é um troglodita, grosso. Mas se for bonitinho, já está bom para elas.

Diante de toda esta situação, minha indignação chega ao seu ápice quando aquela mulher vulgar, de roupas vulgares e linguajar inadequado diz que não consegue encontrar o homem perfeito, o príncipe encantado. Talvez ele já tenha passado diversas vezes ao seu lado, ou até mesmo tenha olhado para você com uma ponta de paixão ou interesse. Mas você estava ocupada demais olhando para os caras musculosos que te tratavam como um objeto, os lobos disfarçados de príncipes.

Uma Mulher Chamada Guitarra

Uma Mulher Chamada Guitarra

Vinicius de Moraes


Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era "a música em forma de mulher". A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam um mot d'esprit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.


0 violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina — viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo — o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.

Mas como recusam-se a estabelecer aquela íntima relação que o violão oferece; como negam-se a se deixar cantar, preferindo tornar-se objeto de solos ou partes orquestrais; como respondem mal ao contato dos dedos para se deixar vibrar, em benefício de agentes excitantes como arcos e palhetas, serão sempre preteridas, no final, pelas mulheres-violão, que um homem pode, sempre que quer, ter carinhosamente em seus braços e com ela passar horas de maravilhoso isolamento, sem necessidade, seja de tê-la em posições pouco cristãs, como acontece com os violoncelos, seja de estar obrigatoriamente de pé diante delas, como se dá com os contrabaixos.

Mesmo uma mulher-bandolim (vale dizer: um bandolim), se não encontrar um Jacob pela frente, está roubada. Sua voz é por demais estrídula para que se a suporte além de meia hora. E é nisso que a guitarra, ou violão (vale dizer: a mulher-violão), leva todas as vantagens. Nas mãos de um Segovia, de um Barrios, de um Sanz de la Mazza, de um Bonfá, de um Baden Powell, pode brilhar tão bem em sociedade quanto um violino nas mãos de um Oistrakh ou um violoncelo nas mãos de um Casals. Enquanto que aqueles instrumentos dificilmente poderão atingir a pungência ou a bossa peculiares que um violão pode ter, quer tocado canhestramente por um Jayme Ovalle ou um Manuel Bandeira, quer "passado na cara" por um João Gilberto ou mesmo o crioulo Zé-com-Fome, da Favela do Esqueleto.

Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d'amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de ser tocado — contra o peito — lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.

Ponha-se num céu alto uma Lua tranqüila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casals. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seus tremolos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranqüila num céu alto? E eu vos responderei; um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.


(trecho do livro Para Viver Um Grande Amor)

quinta-feira, 10 de março de 2011

E qual é o problema em ser incomum?

Sabe, se tem algo que me irrita é alguém vir falar que eu sou chata por não gostar de certas coisas que os outros gostam.

Ouvi isso diversas vezes nesse carnaval, todos falavam que eu era muito chata por não querer sair de casa. É aquela história do “ah, todo mundo gosta, você tem que gostar também!”. Mas peraí, eu não posso ser diferente, então? Só porque todo mundo gosta, eu sou obrigada a gostar?

Não acho que funcione assim.

Sempre defendi a ideia de que a gente deve fazer o que gosta, o que nos faz bem. Desde a cor que vamos pintar o nosso desenho no jardim de infância, até qual profissão iremos seguir.

Fico realmente frustrada quando alguém vem com esse papo de que eu sou diferente, como se isso fosse super ruim.

Hoje em dia, tem gente até lutando para ser diferente, olha só! Parece que “ser diferente” virou um certo tipo de moda.

Por isso que eu digo, não sou diferente. Sou incomum. Sou eu, apesar de tudo, acima de tudo. E quem não estiver de acordo, se retire do local, e nem pense em vir me julgar!

Eu gosto do que eu tiver que gostar e ponto final. Não tem essa de todo mundo gosta, ou ser diferente.

O melhor que eu posso fazer da minha vida, é ser quem eu sou. E isso eu descubro com o passar dos dias.

Qual é o problema se eu gosto de rock antigo e tenho um piercing no umbigo? E o que que tem eu gostar de metal e usar saia rosa de babado? Me deixem!

O meu estilo de ser está mais relacionado ao meu bem estar do que ao tipo de músicas que eu gosto. Não me sinto obrigada a usar roupas rasgadas, preto e correntes só porque eu gosto de rock. Tampouco me sinto obrigada a usar roupas coloridas porque todo mundo está usando.

Esse tipo de estilo para mim, é só um estereótipo social.

A melhor parte de ser quem você é, e o que acontece comigo com frequência. As pessoas me julgam pela aparência, e depois descobrem que estavam completamente erradas. E eu adoro isso! Sim, porque eu adoro que os outros me julguem bastante e depois se arrependam de terem o feito.

Acho que se hoje em dia as pessoas soubessem ser elas mesmas, iríamos ter menos porcarias por aí.

Porque né... Eu não confio muito em uma pessoa que está satisfeita com a “cultura” da nossa geração.

Eu não preciso ser igual.